A Existência de Deus

ago 28, 2010 by

A Existência de Deus

Por Marcio S. da Rocha.

A Existência de Deus é a crença mais fundamental do Cristianismo. É impossível alguém ser cristão sem crer que Deus existe. Embora essa crença seja comum a todas as religiões e, isoladamente, ela não possa caracterizar ninguém como cristão, crer na existência de Deus está na base do Cristianismo.

Crer que Deus existe faz uma grande diferença em termos de vida prática. Alguém que crê na existência de um Deus criador, vê um sentido para a vida e desenvolve a consciência de que prestará contas a um ser superior e perfeito; vive de acordo com essa crença. Por outro lado, quem não crê que Deus existe, age como se a sobrevivência ou o prazer fossem os objetivos maiores da vida, e como se não tivesse a quem prestar contas; vive de acordo com os seus próprios pensamentos e afirma que só dá crédito ao que pode ser “provado” pela ciência.

A existência de Deus pode ser provada cientificamente?

Antes de responder a essa pergunta, é preciso compreender o que é uma prova científica. O que comumente é chamado de prova científica é uma conclusão obtida a partir da observação, pela repetição de um experimento ou evento, ou mediante cálculos. Se um certo resultado é obtido repetidamente, quando o que lhe causa é submetido às mesmas condições ambientais, ele é assumido como cientificamente verdadeiro. Se um procedimento ou comportamento é observado repetidamente na natureza é tido como verdadeiro. Se um processo de cálculo fornece repetidamente o mesmo resultado, esse resultado é assumido como verdadeiro.

Entretanto, esse tipo de prova científica só pode ser aplicado à matéria ou à energia. Fora disso, nem a repetição experimental, nem a observação, nem o cálculo podem ser aplicados como prova. Os eventos históricos, por exemplo, não são passíveis de repetição nem de observação. Não existe um experimento ou modelo matemático que possa simular a criação do universo ou a separação do mar vermelho, o nascimento de Jesus, a proclamação da independência do Brasil etc.; os sentimentos humanos (tais como o amor, o ódio etc) também não podem ser provados em laboratório. Da mesma forma, nada no campo espiritual (e Deus é espírito – João 4:24) pode ser provado a partir da repetição experimental, pela observação ou pelo cálculo.

É importante salientar que cada ramo da ciência possui suas próprias metodologias e objetos de interesse. Um método pode ser apropriado em um ramo científico e completamente inapropriado em outro ramo. Uma importante conclusão a que chegamos neste ponto é que: tentar provar a existência ou a inexistência de Deus pela repetição experimental é inapropriado. Este método não pode ser utilizado nem para provar a existência de Deus, nem para provar que ele não existe.

Porém, a ciência utiliza como instrumento básico a Lógica. A existência de Deus, não pode ser provada pela repetição experimental, porém, pode ser evidenciada pela Lógica.

É Lógico Crer que Deus Existe?

A base de toda e qualquer ciência é a Lógica. A Lógica possui como instrumento para o estudo dos fatos (ou da verdade), a dedução ou a indução. Existem alguns argumentos lógicos que conduzem à dedução de que Deus existe, independentemente da repetição experimental e do cálculo. Neste estudo, iremos conhecer de forma sintética, os principais argumentos lógicos e suas evidências da existência de Deus. Na primeira parte veremos um argumento, e na segunda parte, outros.

Argumentos e Evidências da Existência de Deus

1. Argumento Cosmológico – baseia-se na observação do universo e tem como princípio a Causalidade: “Tudo que é finito é causado por algo além de si mesmo. Se o universo é finito, então teve uma causa e um causador”. “Nada pode ser a causa eficiente de si mesmo. Não pode haver uma série infinita de causas; logo, deve haver uma causa primeira (Deus)”.

Evidência Científica do Argumento Cosmológico: A Segunda Lei da Termodinâmica: “Em um sistema fechado (como o universo), a quantidade de energia utilizável está diminuindo”. O universo está se desgastando, logo, não é eterno. Se não é eterno, é finito. Se é finito, teve um início, uma causa e um causador (criador).

Evidência Filosófica do Argumento Cosmológico: “É impossível terminar uma série infinita de causas reais”. Se o mundo não tivesse princípio, não poderíamos ter chegado ao presente. Se chegamos ao presente, é porque o tempo é finito. Se o tempo é finito, o universo é finito; teve um início, uma causa e um causador (criador).

2. Argumento Teleológico: Analogia do Relojoeiro, de William Paley. “Todo relógio tem um relojoeiro”. Todo projeto tem um projetista. No universo existe muita complexidade e organização para ter sido produzido pelo acaso. O acaso não produz nada organizado. Se há organização, há inteligência e vontade.

Evidência Científica. As seqüências de quatro letras do código genético apontam para uma linguagem inteligente, como uma linguagem escrita. Não há linguagem que não tenha sido criada por uma inteligência. Logo, o código genético foi criado; Deus o criou.

Norman Geisler diz: “A quantidade de informação complexa num simples animal unicelular é maior que a informação encontrada num dicionário Aurélio”.

O astrônomo Carl Sagan disse “A informação genética no cérebro humano expressa em bits é provavelmente comparável ao número total de conexões entre os neurônios – cerca de 100 trilhões (1014) de bits”.

“Ao lado do nível de ingenuidade e complexidade exibido pela maquinaria molecular da vida, até os nossos mais avançados artifícios tecnológicos do século XX parecem grosseiros. Seria uma ilusão pensar que do que nós somos cientes no presente é algo mais do que uma fração da amplitude do projeto biológico. Em praticamente cada campo da pesquisa biológica fundamental, crescentes níveis de projeto e complexidade têm sido revelados em uma taxa acelerada.”(Michael Denton, Biólogo molecular)

A probabilidade de um relógio ter se formado ao acaso, ao longo de bilhões de anos é nula. Necessita de uma inteligência para ter vindo á existência. Se o universo é organizado e muito mais complexo, logo, necessitou de uma inteligência para vir à existência.

3. Argumento Moral: existe, no ser humano, uma idéia inata sobre o que é certo e errado. Há uma lei moral “gravada” no coração do homem (Rom. 2.12-15). Se há uma lei moral, logo, há um Legislador Moral (Deus).

4. Argumento Religioso: o anseio por Deus existe no ser humano e não é puramente uma decisão ou um desejo psicológico infundido por outrem, mas sim, uma necessidade existencial. Se alguém ficar isolado em um lugar, desde o nascimento, sem qualquer contato com outro ser humano, desenvolverá uma religião. O postulado básico desse argumento é: “Se os seres humanos precisam de Deus é porque ele existe”.

5. Argumento da Satisfação (ou da Alegria): parecido com o Argumento Religioso, este argumento foi elaborado por C. S. Lewis e é assim: “As criaturas não nascem com desejos, a não ser que a satisfação para esses desejos exista”. “Todo desejo natural inato tem um objeto real que pode satisfazê-lo. Os seres humanos têm um desejo natural, inato, pela imortalidade. Logo, deve haver uma vida imortal após a morte”.

6. O Argumento da Vida de Cristo. Elaborado pelo autor deste artigo, este argumento é assim: (1) a existência histórica de Jesus Cristo é um fato inegável; (2) Jesus não era psicopata nem enganador; (3) Jesus afirmou sobre si mesmo que ele é Deus (João 10:30); logo, ele era realmente Deus, portanto… Deus existe.

Esses argumentos são tentativas de fazer as pessoas ponderar racionalmente as evidências da existência de Deus. Os fatos mencionados nessas provas são reais e, neste sentido, esses argumentos são provas válidas. Por outro lado, se “válidas” for entendido como “capazes de conseguir que todos concordem, mesmo os que partem de falsos pressupostos”, é claro que nenhum desses argumentos é uma prova. O valor desses argumentos reside, principalmente, na superação de algumas objeções intelectuais por parte de pessoas que estão buscando sinceramente a Deus, mas têm ainda muitas dúvidas por causa das afirmações feitas por cientistas ateus.

A Existência de Deus na Bíblia

A Bíblia não apresenta argumentos ou evidências para a existência de Deus. Ela já parte do princípio de que Ele existe “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gen. 1:1). A Bíblia em si traz o registro da ação de Deus na vida de vários indivíduos e do seu povo,  coletivamente. As Escrituras também afirmam que crer na existência de Deus é condição essencial para agradá-lo (Heb 11:6). O Salmo 19 nos diz que a natureza é uma prova da existência de Deus (Slms. 19:1-4). O apóstolo Paulo, em Romanos 1:19-20, está de acordo com a mesma afirmação do Salmo 19 e diz ainda, a respeito dos incrédulos, que “tais homens são indesculpáveis”.

Conclusão

Apesar da força desses argumentos racionais acerca da existência de Deus, é preciso lembrar que “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos” (2 Cor. 4:4) e que a sabedoria humana é deficiente para que venhamos a conhecer a Deus (1 Cor. 1:21 e 2:4-5). Wayne Grudem diz muito acertadamente que:

“Dependemos de Deus para remover a cegueira e a irracionalidade provocada pelo pecado, possibilitando assim que avaliemos corretamente as evidências, creiamos no que dizem as Escrituras e venhamos a ter a fé salvadora em Cristo.”

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