As Duas Naturezas (Divina e Humana) em Cristo – bases e implicações

jan 19, 2013 by

As Duas Naturezas (Divina e Humana) em Cristo – bases e implicações

Por Marcio S. da Rocha.

Vimos no artigo anterior (Jesus Cristo: Deus e Homem ao Mesmo Tempo) que Jesus Cristo existiu como um ser humano histórico, físico e real, e, ao mesmo tempo, afirmou ser Deus e demonstrou possuir capacidades e poderes divinos, como nenhum outro ser jamais possuiu ou possuirá. Agora vamos estudar um pouco mais sobre a união das duas naturezas (divina e humana) em Jesus Cristo.

A base da união das naturezas divina e humana em Cristo

O homem foi criado semelhante a Deus (Gen. 1.27). É possível inferir que Deus criou o ser humano à sua imagem para que depois viesse a encarnar em um ser que lhe fosse semelhante. Deus criou o homem de tal modo que pudesse haver uma íntima comunhão entre o homem e o seu criador. E isto é mais próprio entre seres semelhantes. A criação, por Deus, de um ser semelhante a ele, nos faz pensar que a encarnação de Cristo como homem já fazia parte do plano de Deus desde a eternidade.

Uma só personalidade

Jesus não é duas pessoas – uma sendo Deus e a outra sendo um homem. Não há “o homem Jesus” separado “do Deus Jesus”. Jesus não tinha (e nem tem) dupla personalidade. Desde que encarnou, ele é uma só pessoa, porém, dotada de duas naturezas: uma divina e outra humana. É importante ressaltar que a natureza humana de Jesus só passou a existir depois de sua encarnação. Antes, ele era A Palavra (Gr. Logos), e ainda não possuía natureza humana. Ele já existia como Deus, antes de ter nascido de Maria como ser humano (João 8.58). Quando encarnou, passou a possuir também a natureza humana. Em sua existência como ser encarnado, a natureza humana crescia junto com a natureza divina em Jesus Cristo. Neste aspecto, Jesus Cristo é único. Não há outra pessoa igual ou semelhante a ele.

A necessidade da encarnação do Logos

O livro de Hebreus nos diz que era necessário que Jesus Cristo – A Palavra de Deus (Gr. Logos) – se tornasse um homem, para que ele pudesse ser o verdadeiro mediador entre os seres humanos e Deus. A encarnação era necessária para que se estabelecesse a reconciliação entre o homem e Deus.

“Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel com relação a Deus, e fazer propiciação pelos pecados do povo. Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados.” (Heb. 2.17-18. NVI)

“Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.” (Heb. 4.15. NVI)

A indissolubilidade eterna da união das duas naturezas

Quando Jesus (que já existia eternamente como Deus) encarnou, uniram-se nele as duas naturezas de uma vez para sempre. Ele se tornou nosso sacerdote diante de Deus. Um sacerdote é um homem que intercede a Deus pelos demais. E Cristo, como homem, é nosso sacerdote eterno e definitivo:

“Mas, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto, ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles. É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus. Ao contrário dos outros sumos sacerdotes, ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. E ele o fez uma vez por todas quando a si mesmo se ofereceu. Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho perfeito para sempre.” (Heb. 7.24-28. NVI)

O apóstolo Paulo nos diz, em 1 Timóteo 2.5, que o homem Jesus Cristo é o nosso mediador diante de Deus. Tanto Paulo quanto o escritor de Hebreus usam o tempo presente, indicando que HOJE e no futuro eterno Jesus possui e continuará possuindo a natureza humana, juntamente com a divina. Desde que se tornou um homem, Jesus Cristo não deixou mais de ser o Deus-homem. Está hoje mesmo junto ao Pai, como homem e como Deus. João teve uma visão do céu, e viu alguém “semelhante a um filho de homem” (Apoc. 1.13). Este alguém que ele viu, pelo contexto, era Jesus – aquele que vive; que esteve morto, mas agora está vivo para todo o sempre (Apoc. 1.18). Isto demonstra biblicamente que Jesus continua hoje com sua natureza humana, e assim continuará para sempre.

O nascimento virginal

A concepção de Jesus como ser humano foi sobrenatural. O anjo disse a Maria: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho de Deus.” (Lc. 1.35. NVI). Jesus foi concebido numa virgem – sem a presença de sêmen masculino. Sua concepção se deu por ação do Espírito Santo, de modo que, embora Jesus tenha herdado material genético de Maria (para que ele fosse descendente de Davi como ela era), a ação do Espírito Santo foi tão poderosa e sobrenatural que Jesus não herdou o pecado original, nem de Maria nem dos antepassados dela. Não houve transmissão de depravação ou de culpa de Maria para Jesus. Sem o poder do Espírito Santo, a natureza humana de Jesus seria tão pecaminosa quanto a nossa. Porém, ele foi concebido sem pecado, como foi Adão. Por isso Paulo o chama de “último Adão”:

“O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente’; o último Adão, espírito vivificante. Não foi o espiritual que veio antes, mas o natural; depois dele, o espiritual. O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, dos céus.” (1º Cor. 15.45-46. NVI)

É importante destacar que o nascimento virginal de Jesus não era necessário para que Cristo fosse Deus. Jesus poderia ter sido concebido com a participação masculina, e mesmo assim, pela ação do Espírito Santo, seria Deus e santo, pois, como já se disse, ele já existia como Deus antes de encarnar. Porém, seu nascimento virginal reforça para nós a verdade de que a sua natureza humana é única e especial.

O nascimento virginal de Jesus nos lembra que a salvação é sobrenatural. Deus foi capaz de realizar algo impossível aos homens (fazer alguém ser concebido sem sêmen masculino), assim como é capaz de conceder novo nascimento a pecadores – o que também é impossível a homens. Nenhum ser humano seria capaz de introduzir o Salvador no mundo, assim como ninguém pode garantir sua própria salvação, nem a de outros.

O nascimento virginal também aponta que a salvação é um ato soberano de graça da parte de Deus, porque, apesar de que Maria possuía qualidades que Deus poderia usar (como fé e dedicação), não havia mérito especial nela para ter sido escolhida para ser a mãe (humana) de Jesus. Ela não possuía sequer um marido. E assim mesmo foi escolhida, por pura graça de Deus; da mesma forma são escolhidos os que estão sendo salvos – sem mérito próprio algum.

O homem sem pecado

Jesus foi o único ser humano que não pecou. A Bíblia é bem clara quanto ao assunto; ele foi tentado em tudo, mas jamais pecou: “… passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.” (Heb. 4.15. NVI). Jesus é descrito como um sumo sacerdote santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e mais alto que os céus (Heb. 7.26). Pedro – que o conhecia muito bem – declarou que ele é “O Santo de Deus” (João 6.69) e também disse que ele não cometeu pecado (2ª. Pedro 2.2). João disse que em Jesus “não existe pecado” (1ª João 3.5). E Paulo disse que ele “não conheceu pecado” (2ª Cor. 5.21).

O próprio Jesus afirmou que não era pecador: “Qual de vocês pode me acusar de algum pecado?” (João 8.46. NVI). Os fariseus o acusaram de blasfêmia por perdoar pecados (um ato exclusivo de Deus), porém, ele não cometeu blasfêmia, pois, sendo Deus, podia sim perdoar pecados.

A natureza humana de Jesus, portanto, não é igual à nossa. A nossa natureza humana foi corrompida e danificada; não é uma humanidade pura. A humanidade de Jesus é a verdadeira humanidade. Como disse Langston (1983)[1]: “Jesus não é humano como nós; ele é mais humano”.

A humanidade de Jesus é aquela que Deus planejou para nós e o padrão pelo qual nós seremos medidos. Ninguém pode produzir esta humanidade pura por esforço próprio. Nem mesmo pela tentativa de imitação de Jesus, alguém poderá atingir esta humanidade pura. A imitação do comportamento e de algumas ações de Jesus Cristo sem dúvida fará o cristão crescer na fé e na ética; porém, nem mesmo assim, ele conseguirá alcançar uma natureza humana semelhante à de Jesus. Ela, porém, será dada a alguns, pelo poder e graça de Deus, quando da ressurreição. Pelo poder de Deus, aqueles que nasceram de novo pela fé ressuscitarão com uma natureza humana semelhante à de Cristo, capazes de resistir às tentações e não pecar. Surgirá uma nova e verdadeira humanidade – a humanidade dos filhos de Deus.

Enfim, Jesus é um ser único, pois possui duas naturezas (divina e humana) em uma só pessoa; Era necessário que Deus se tornasse homem, para que nós tivéssemos um sacerdote perfeito (sem pecado) e eternamente eficaz; quando o Logos de Deus se tornou humano, ao nascer da virgem Maria, passou a possuir eterna e indissoluvelmente as duas naturezas – divina e humana; e Jesus é o único ser humano que não pecou, possuindo uma humanidade pura, diferente da nossa, a qual é deturpada pelo pecado. Esta humanidade será restaurada naqueles que creram em Jesus Cristo e assim se tornaram filhos de Deus.

E nunca é demais lembrar que:

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje, e para sempre.” (Heb. 13.8)

Louvado seja o seu nome.


[1] Langston, A. B. Esboço de Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Juerp, 1983.

9 Comments

  1. EU ACHEI MUITO INPORTANTE ESTE COMENTARIO,TUDO É VERDADEIRO,E PESSO QUE TODAS AS PESSOAS QUE LEIRE TRANSMITAM PARA OS SEUS AMIGOS,PARA QUE TIREM DÚVIDAS A RESPEITO DA AMADA MARIA, DIVINDADE DE JESUSE. ETC. EU SOU ADALDINA TOBIAS,E DIGO QUE DEUS FEZ MARAVILHA EM MINHA VIDA. ERA UMA PESSOA TRISTE,ARRASADA TRALMATIZADA, E FOI ATRAVES DE UM MINI NOVO TESTAMENTO QUE MEU FILHO JR. GANHOR NA ESCOLA . UM DIA EU ESPERANDO UM LIVRO DE LITERATURA PARA EU ESTUDAR NAS FERIAS DE JULHO, ÉRA A MATÉRIA DO SEGUNDO SEMESTRE.À AMIGA NÃO VEIO TRAZER O LIVRO E EU TRISTE,ABATIDA COMO SEMPRE, ESTAVA DEITADA E DERREPENTE OLHEI PARA O CRIADO MUDO,ABRIR A GAVETA E ME DEPAREI COM AQUELE PEQUENO LIVRO, E PEGUEI,ABRIR E COMECEI LER, E COMEÇEI A ENTENDER TUDO, DEUS FALAVA COMIGO,FOI PREENCHENDO A QUELE VASIO,SOLIDÃO,E EU NÃO TINHA VONTADE DE PARAR DE LER .FAZIA OS MEUS DEVERES DE CASA,DO CÓLEGIO DEPRESSA PARA VOLTAR A LER < A BÍBLIA SAGRADA.AI FOI OCOMEÇO DE UMA VIDA VITÓRIOSA COM O MEU DEUS….ADALDINA

    • carlos Mark

      Boa tarde!
      Achei excelente explanação, simples e com muito conteúdo.
      Parabéns e que o Senhor Jesus continue a te usar.
      Pastor docinho.
      Brasília-DF/Centro Cristão da Fé

    • Roberto ssntos

      Muito bom seu comentario

  2. ola

    achei muito interessante e me ajudou nos estudos

  3. marcelo luis cunha

    gostaria de sabe como faz para adquiri este livro para estudo e mudança de atitude grato pela intenção

  4. ANTONIO GODINHO

    ACHEI OTIMO TUDO O QUE FOI DITO. APENAS UMA FRASE ME DEIXOU CONFUSO. FOI DITO QUE JESUS FOI O UNICO SER VIVO QUE NÃO PECOU. PERGUNTO: E MARIA? A IMACULADA CONCEIÇÃO? A VIRGEM DAS VIRGENS? A MATER PURISSIMA?
    AGUARDO RESPOSTA. OBRIGADO.

    • Marcio S. da Rocha

      Caro Antonio Godinho,

      Você deve estar confuso devido ao que lhe ensinaram sobre Maria. Na verdade, não há um só verso na Bíblia que afirme que Maria não pecou. A “Imaculada Conceição de Maria” é uma doutrina da Igreja Católica Romana, mas não é ensinada nem mencionada na Bíblia. Se Maria não tivesse pecado, ela seria uma deusa e a Bíblia ensina que só há um Deus (que subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo). Maria não faz parte da Trindade. Aliás, não havia nenhuma necessidade de Maria ter nascido sem pecado, pois o (único) Salvador é Jesus, não ela (ninguém vai ao Pai a não ser por Jesus — veja João 14.6). Somente o Salvador precisava ser um humano sem pecado, para que sua morte pudesse pagar os pecados dos demais — pecadores. Maria não foi crucificada e não morreu pelos pecados de ninguém. Apesar de ter sido uma mulher com muitas qualidades, e muito agraciada por ter gerado o nosso Salvador, ela era humana, imperfeita e pecadora como todos nós. Ela mesmo disse que Deus era o Salvador dela: “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,…” (Lucas 1.46). Se Maria não tivesse pecado, não precisaria de Salvador. Quanto à virgindade dela antes do nascimento de Jesus, a Bíblia afirma isto claramente (veja Mateus 1.18-22 e Lucas 1.34). Porém, depois que Jesus nasceu, não há nenhum verso ou passagem Bíblica que pelo menos indique que Maria continuou virgem. A “eterna virgindade de Maria” também é uma doutrina da Igreja Católica Romana que não tem fundamento bíblico. Também não há nenhum propósito em Maria ter continuado virgem depois do nascimento de Jesus. Uma vez que o sexo dentro do casamento não é pecado, para que uma mulher casada que já teve um filho iria continuar virgem? A vida de Maria deve ser uma inspiração para todos os cristãos. Devemos admirá-la, mas jamais adorá-la nem venerá-la ou fazer orações para ela.

  5. neto

    boa noite . Antonio . sobre a Maria mãe de jesus . não quero que o irmão fique triste mais a verdade tem que ser dita . eu também por muito tempo acreditava que maria ainda era Virgem mais depois que jesus nasceu, ela teve a vida normal como qualquer um outro casal ela teve relação com jose seu esposo e tiveram filhos.e só examinar as escrituras que o irmão vai encontrar. os irmão de Jesus.que nasceram de maria …fica com Deus