Satanás e o Mal

nov 20, 2010 by

Satanás e o Mal

Por Augusto Guedes.

No dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.” Jó 1:6. 

 

Estudar as crenças (ou doutrinas) essenciais do Cristianismo implica em também estudar sobre Satanás e o mal. Embora muitos pensem que ele não existe – o que produz um ambiente ‘perfeito’ para a sua estratégia de atuação – a existência de Satanás é ensinada em sete livros do A.T. e por todos os autores do N.T. O próprio Cristo ensinou a sua existência (Mt.13:39, Lc.10:18,11:18).

1.    Satanás

Satanás é o chefe dos anjos decaídos, uma criatura sobre-humana (Ez.28:12-15), porém, não divino; é um ser espiritual (Ef.6:11-12) que pertence à ordem angelical dos querubins (Ez.28:14); era a mais exaltada das criaturas angelicais (Ez.28:12), cuja personalidade possui intelecto (2 Co.11:3) e sente emoções (Ap.12:17), tem vontade (2 Tm.2:26), e é tratado como ser moralmente responsável (Mt.25:41).

Seu nome significa “adversário” (o que faz oposição a Deus e a seu povo (I Cr.21:1; Jó 1:2; Zc.3:1-2). O N.T. também lhe dá o nome de “Diabo” (Acusador, Difamador), além de apresentar títulos como: Maligno (I Jo.5:19), Tentador (I Ts.3:5), Príncipe deste mundo (Jo. 12:31), Deus deste século (2 Co.4:4), Príncipe da Potestade do Ar (Ef.2:2), e Acusador dos nossos irmãos (Ap.12:10). Na Bíblia, há registros dele através de algumas representações, tais como: Serpente (Ap.12:9), Dragão (Ap.12:3), e Anjo de Luz (2Co.11:14). O seu retrato é de malícia, fúria e crueldade dirigidas contra Deus, contra a verdade de Deus e contra aqueles a quem Deus ama. Além de sua esperteza enganadora apresentando o mal como bem e realçada por Paulo no último texto lido, sua ferocidade destrutiva aparece na descrição dele como um leão que ruge e devora (I Pe.5:8). Como ele foi adversário declarado de Cristo (Mt.4:1-11; 16:23; Lc.4:13; 22:3) do mesmo modo, agora ele se opõe aos cristãos, explorando as fraquezas, orientando mal as forças e minando a fé, a esperança e o amor (Lc.22:32; 2 Co.2:11;11:3-15; Ef.6:16).

A malícia e a astúcia de Satanás devem ser levadas em conta seriamente, porém o cristão não precisa ficar tomado de terror servil por causa dele, porquanto ele é um inimigo derrotado. Satanás é mais forte do que os seres humanos, mas Cristo triunfou sobre ele (Mt.12:29) e os cristãos também o farão, resistindo às suas investidas com as armas que Cristo nos proporciona (Ef.6:10-18; Tg.4:7; I Pe.5:9-10), “porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (I Jô.4:4).

Reconhecer a realidade de Satanás, levar a sério a sua oposição, ficar atento à sua estratégia, levar em conta a guerra contínua com ele não é cair num conceito dualista de dois deuses, um bom e outro mau, guerreando um contra o outro. Satanás é uma criatura sobre-humana, mas não é divino; ele tem muito conhecimento e poder, mas não é onisciente, nem onipotente, e nem onipresente; ele é um rebelde derrotado e não tem mais poder do que aquele que Deus lhe permite exercer, e está destinado ao lago de fogo (Ap.20:10).

2.    Os Demônios

Muito se pensa a respeito dos demônios. Num ponto de vista pagão grego, são almas dos homens maus já mortos. Há quem diga que sua origem é de espíritos desencarnados de uma raça pré-adâmica (que a Bíblia nunca mencionou).

Ao contrário, a Bíblia nos ensina que os demônios são anjos maus, que um dia foram como os bons, mas pecaram e perderam o privilégio de servir a Deus. Assim como os anjos, os demônios são seres criados, dotados de discernimento moral e elevada inteligência, e desprovidos de corpos físicos. A seu respeito, Wayne Grudem apresenta a seguinte definição: “demônios são anjos maus que pecaram contra Deus e hoje continuamente praticam o mal no mundo”.

Em algum momento entre Gn.1:31, que relata que Deus, ao criar o mundo “viu tudo o que fizera, e eis que era muito bom”, e o texto de Gn.3:1-5 (em que vemos Satanás, na forma de serpente, tentando a Eva para pecar) houve uma rebelião no mundo angelical, na qual vários anjos se voltaram contra Deus e se tornaram maus. O Novo Testamento é claro ao mencionar tais fatos e suas consequências em dois textos: 2 Pe.2:4 e Jd.6. Em ambos, encontramos que anjos se rebelaram contra Deus e se tornaram hostis adversários da Sua palavra. Seu pecado, aparentemente, foi o orgulho – a recusa de aceitar o lugar que lhes foi reservado, pois “não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio” (Jd.6).

Satanás, líder de tal rebelião, é chamado de “príncipe dos demônios” (Mt.12:24) e tem uma hierarquia bem organizada de anjos (Ef.6:11-12); é razoável supor que esses sejam demônios. Alguns demônios já estão presos (2 Pe. 2:4; Jd. 6) – mas não ainda no inferno – e alguns estão à solta, cumprindo ordens de Satanás.

Suas Características: Além de serem seres espirituais (Mt.17:18 com Mc.9:25; Ef.6:12), eles possuem intelecto, pois conhecem a Jesus (Mc.1:24); seu próprio destino final (Mt.8:29); o plano de salvação (Tg.2:19), e têm seu próprio sistema doutrinário bem desenvolvido (1Tm.4:1-3). No que diz respeito a sua moralidade, são chamados de espíritos imundos, e sua doutrina leva a uma conduta imoral (1Tim.4:1-2).

Em geral, os demônios tentam subverter o propósito de Deus (Dn.10:10-14; Ap.16:13-16); tentam estender a autoridade de Satanás, cumprindo a sua vontade (Ef.6:11-12) e podem ser usados por Deus na realização dos Seus próprios propósitos (1 Sm.16:14; 2Co.12:7).

Em particular, demônios podem causar doenças (Mt.9:33, Lc.13:11,16) possuir homens (Mt.4:24), animais (Mc.5:13), se opõem ao crescimento dos filhos de Deus (Ef.6:12), e disseminam doutrinas falsas (1Tm.4:1).

POSSESSÃO DEMONÍACA – É a habitação de um demônio numa pessoa, exercendo controle e influência diretos sobre ela, com certo prejuízo para as funções mentais e/ou físicas. A possessão demoníaca deve ser distinguida da influência demoníaca ou atividade demoníaca contra uma pessoa. Nestas duas últimas formas de atuação, o demônio atua de fora para dentro; na possessão, ele opera dentro da própria pessoa. Por esta definição, um crente não pode ser possuído por um demônio já que é habitado pelo Espírito Santo. O crente pode, contudo, ser alvo de opressão demoníaca a tal ponto de dar a impressão de estar possuído. Efeitos da Possessão Demoníaca – 1. Ocasionalmente, doença física (Mt.9:32-33). Porém, a doença e a possessão são distinguidas uma da outra nas Escrituras (At.5:16). 2. Distúrbios mentais são ocasionalmente causados por possessão demoníaca (Mt.17:15), mas não sempre (Dn.4). Extensão da Possessão Demoníaca – 1. Quanto a pessoas: Somente descrentes em Cristo podem ser possessos. Ao tempo de Cristo, a maioria das ocorrências de possessão demoníaca deu-se entre gentios. 2. Quanto ao tempo: Geralmente há um surto de atividade demoníaca quando a luz e a verdade se manifestam mais fortemente.

O Destino dos demônios – todos os demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do lago de fogo (inferno) depois do retorno de Cristo à terra, no fim da história (Mt.25:41).

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Fontes de Estudo:

  1. Anotações da Bíblia Anotada – Charles Caldwell Ryrie – Editora Mundo Cristão
  2. Anotações da Bíblia de Estudo Genebra – R. C. Sproul – SBB
  3. Grudem, Wayne A – Teologia Sistemática – Editora Vida Nova 

 

 

 

 

 

 

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