A Pecaminosidade Humana

nov 20, 2010 by

A Pecaminosidade Humana

TODOS SOMOS PECADORES AOS OLHOS DE DEUS

Por Marcio S. da Rocha.

Esta é uma das afirmações mais básicas do Cristianismo, e também do Judaísmo. Mesmo as instituições e comunidades mais afastadas da pureza do Evangelho admitem sem nenhum problema que o ser humano é pecador. Entretanto, enquanto alguns cristãos entendem que, aos olhos de Deus, o homem é completamente depravado, outros acham que Deus vê o ser humano como pecador, mas que este (o homem) ainda guarda algum bem em seu espírito (esta posição também é defendida por boa parte dos não-cristãos). Por outro lado, muitos não-cristãos consideram que o ser humano nasce bom e, que o ambiente é que o pode corromper. Qual dessas é a posição revelada por Deus na Bíblia e, portanto, representa o pensamento de Deus – sua verdade?

O Ser Humano Antes do Pecado Original

A Bíblia diz que Deus criou o homem (e a mulher) à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.26-27). Esta semelhança não pode ser entendida como física, pois Deus é espírito (João 4.24). Apesar da segunda pessoa da Trindade Divina ter encarnado como um ser humano (Jesus Cristo), de ter vindo à nossa dimensão em um corpo masculino, e que, como vimos no estudo sobre a humanidade e a divindade de Jesus, essa união das duas naturezas de Cristo é indissolúvel, as outras duas pessoas da Trindade divina não possuem um corpo humano. Quando Deus criou o homem, Jesus ainda não havia encarnado, portanto, a semelhança do homem com Deus não era e nem é física. O espírito de Deus não está contido num corpo material. A semelhança do homem com Deus reside principalmente no fato de que ambos são pessoas. Deus não é uma energia impessoal, assim como o ser humano não é. Ambos são dotados de um espírito vivente e compartilham alguns atributos pessoais (ex.: unicidade, inteligência, vontade, amor, ira, criatividade, gostos etc.). Vale lembrar, entretanto, que alguns atributos pessoais de Deus não foram compartilhados com o homem. Por exemplo, o homem não é eterno (o homem tem início com seu nascimento, enquanto Deus não teve início), nem é onipotente, nem onisciente, nem onipresente. Resumindo, o homem é semelhante a Deus porque é espiritual, e Deus é espírito.

Esta afirmação bíblica de que o ser humano foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, e o relato de Gênesis sobre a vida de Adão e de Eva antes de pecarem (Gen. 1.26-3.25) nos fazem concluir que o primeiro homem e a primeira mulher foram criados sem pecado; santos, em comunhão amorosa com o Criador e um com o outro. Deus conversava com eles todos os dias (Gen. 3.8)! O casal vivia em uma submissão harmoniosa com Deus, e também em harmonia com o companheiro, com a terra e com o universo. Os dois primeiros seres humanos eram muito felizes, porque adoravam a Deus e gozavam de sua presença e bênção. Não havia vida humana sem a companhia e sem a dependência de Deus. Este era o estado original do ser humano; o paraíso.

O Pecado Original e o Homem depois da queda (Gênesis 3.1-24)

Já foi estudado por nós (veja o artigo “Satanás e o Mal”) que, antes da criação do homem, houve uma rebelião no céu e um terço dos anjos se tornou mau. Esses foram liderados por Satanás. E este, cuja missão hoje é se opor a tudo que é de Deus, provocou a queda do ser humano de seu estado santo, para um estado pecaminoso. Satanás conseguiu corromper a humanidade, enganando diretamente a Eva. Este foi o seu método: primeiro distorceu a palavra de Deus, segundo, fez Eva duvidar das intenções e da bondade de Deus para com ela e Adão, e terceiro, ofereceu-lhe a possibilidade de ser “igual a Deus” (“conhecedores do bem e do mal”). Ele a enganou, fazendo com que infringisse o mandamento divino de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gen. 2.16-17). Em seguida, Adão caiu no mesmo erro, só que induzido por Eva e não diretamente por Satanás.

É espantoso ver que nós (seres humanos) caímos por causa do mesmo pecado de Lúcifer, ou seja, querer ser igual a Deus – conhecedores do bem e do mal. O nosso estado atual, pecaminoso, é caracterizado por cada um possuir o seu próprio padrão de bem e mal. Cada descendente de Adão e Eva tem a sua própria ética pessoal – as suas próprias listas de bem e de mal. A nossa natureza atual nos induz a tentarmos definir por nós mesmos o que é o bem e o que é o mal, sem dependermos de Deus. Comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal significa exatamente isto: não querer depender de Deus para que ele nos oriente sobre o que é bom e o que é mau. Isto implica numa tentativa de independência de Deus – numa rebeldia contra a sua autoridade sobre nós. Querendo ser independentes de Deus, tornamo-nos destituídos de sua presença; querendo achar o caminho por nós mesmos, ficamos perdidos; querendo ser como Deus, tornamo-nos semelhantes aos demônios. Todas as perversões e maldades humanas tem origem no comer da árvore do conhecimento do bem e do mal; no pecado original de querer ser como Deus e assim não depender dele. Deus é o bem – o padrão absoluto do bem. O ser humano não possui em si a capacidade de discernir entre o bem e o mal. Por isso cada um criou para si um código de ética, que não é o de Deus.

 As consequências do pecado original em nosso ser foram além desse estado psicológico de rebeldia contra o SENHOR. O ser humano hoje deseja ser onisciente (saber tudo), auto-suficiente, e, além disso, quer ser adorado pelas outras criaturas, principalmente pelos outros seres humanos (embora esta última tendência varie de intensidade, de pessoa para pessoa). Deseja ter poder sobre a toda a criação. Quer ser Deus, porém é semelhante a um demônio.

As conseqüências dessa queda foram catastróficas. Deus não podia permitir que o ser humano vivesse eternamente neste estado rebelde e decidiu que ele teria uma vida limitada na terra. Assim, o homem (e toda a criação) passou a morrer. Como cada pessoa passou a ter a sua própria ética, naturalmente os homens passaram a se desentender entre si. Como punição de Deus, a terra, criada para ser seu paraíso, tornou-se um lugar inóspito, cheio de espinhos. O trabalho, antes um prazer, tornou-se uma obrigação e uma difícil luta pela sobrevivência. A terra que era um planeta-lar, virou fonte de exploração econômica e hoje a destruímos. E o pior de tudo aconteceu. O ser humano perdeu o contato direto com Deus, nosso criador. Para se ter uma ideia de como o homem ficou perdido quanto ao conhecimento de Deus, basta lembrar as religiões e mitologias dos egípcios, dos babilônicos, dos povos palestinos (cananeus) e dos gregos e romanos. O ser humano passou a conceber várias idéias diferentes sobre Deus, todas erradas e depravadas. Os deuses criados pela mente humana eram (e são) humanos – à nossa semelhança, e possuem uma sexualidade que muitos, em sã consciência, considerariam-na pervertida.

Além de adorar deuses criados por si próprios, os seres humanos passaram a adorar, venerar e cultuar homens, mulheres e até animais como se fossem deuses (ainda hoje na Índia, as vacas, os elefantes e os macacos são adorados como deuses). Assim acontecia no culto ao deus-bezerro-de-ouro e ao deus-crocodilo dos egípcios. Os deuses ancestrais dos romanos eram parentes que já haviam morrido. Os romanos tinham santuários e estátuas (imagens) em suas casas, para se comunicar com os parentes mortos pedindo-lhes proteção proteção nesta vida e proferindo-lhes rezas para aliviar possíveis sofrimentos deles na outra vida. A adoração ao próprio imperador César era uma adoração a um homem. Outra conseqüência do pecado foi que parte da humanidade passou a não crer em deus nenhum. Assim ficamos depois do pecado original – bastante perdidos e confusos, não somente quanto à ética, mas também com relação a Deus.

Como Deus nos vê? Deus ainda vê algo bom em nós? Esta é a grande pergunta, e a resposta pode ser encontrada na sua própria revelação – a Bíblia. Ele mesmo fala na Bíblia. E o que ele escreveu, por meio dos seus profetas e apóstolos, sobre como nos vê depois do pecado? Veja você mesmo, pela leitura de algumas passagens:

  • Gên. 6.5
  • Salmos 14.2-3 e 53
  • Isa. 64.6
  • Jer. 17.9
  • Rom. 3.23
  • Ef. 2.1-3 e 4.22

Este estado pecaminoso, entretanto, é alterado sensivelmente em uma pessoa, quando esta reconhece a sua condição pecaminosa e se rende à Jesus, por meio da fé. Num processo sobrenatural, aquele que crê em Cristo e o recebe como seu Senhor e Salvador vai sendo libertado durante a sua vida do poder da natureza decaída e aos poucos vai retornando ao estado de Adão antes do pecado original. No post “Justificação” neste site você pode meditar e compreender um pouco mais sobre isto.

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Perguntas para reflexão e aprofundamento:

  1. Enfim, o Deus Criador, revelado na Bíblia, ainda vê algo bom em nós humanos?
  2. O pecado original foi o sexo? Senão, qual foi?
  3. O que o pecado de Eva e Adão tem a ver conosco hoje? Leia Rom. 5.12.

 

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