Os Atributos Comunicáveis de Deus

ago 31, 2010 by Marcio S. da Rocha

Por Analice Guedes.

Ao iniciar este tema gostaria de ressaltar que mais importante que classificar, é compreender a definição de cada atributo ‘comunicável’ de Deus. Se pensarmos na pessoa integral de Deus, ficará evidente que a divisão em vários atributos não é uma questão de grande relevância doutrinária. Nosso alvo é imitar a pessoa, o modelo, o caráter do Senhor. Conhecê-lo, portanto, é nosso primeiro passo. Assim, abordaremos primeiramente os atributos comunicáveis de Deus que descrevem o seu Ser e Seus atributos Morais.

 

 A.  Atributos que descrevem o Ser de Deus

1. Espiritualidade:

“Ele existe como Ser que não é feito de matéria, que não tem partes nem dimensões, incapaz de ser percebido pelos nossos sentidos corpóreos e mais excelente do qualquer outro tipo de existência”.

Deus não pode e não deseja ser comparado a nada. (Ex. 20:4-6) Retratar a existência ou o modo de ser divino em forma semelhante a alguma coisa é conceber a Deus de modo terrivelmente enganoso e desonroso, por isso Ele mesmo zela por sua própria honra.

(Hb. 12:29 cf. Dt 4:23-24). Deus é espírito, é uma espécie de existência superior, diferente de qualquer coisa criada. Seria então essa “espiritualidade” divina um atributo incomunicável? Em parte sim, mas precisamos considerar que Deus nos deu um espírito no qual:

• Podemos adorá-Lo – João 4:24; 1 Cor. 14:14; Fp 3:3
• Unimos-nos com o Espírito do Senhor – 1 Cor 6:17
• O Espírito Santo se une para validar nossa adoção na família de Deus. Rom. 8:16
• Seremos levados à presença de Deus quando morrermos – Lc. 23:46; Ec. 12:7; Hb 12:23; Fp.1:23-24

De alguma maneira Deus nos comunica seu espírito de modo que se assemelha à sua natureza divina, sendo por isso apropriado conceber a espiritualidade de Deus como um atributo comunicável.

 2. Invisibilidade: (João 1:18; 6:46; I Timóteo 1:17, 6:16; I João 4:12).

  “Dizer que Deus tem o atributo da invisibilidade é dizer que a essência integral de Deus, todo seu ser espiritual, jamais poderá ser vista por nós, embora Deus se revele a nós, por meio de coisas visíveis, criadas.”

Deus não pode ser visto face a face, mas manifestações exteriores de Deus, sim. Pelo menos, em parte. (Êx. 33:11; 20-23). Embora não venhamos a ver a essência integral de Deus, ele nos revela algo de si por meio de coisas visíveis. Quando concebemos a Deus, precisamos concebê-lo de algum modo. Deus compreende isso e nos dá analogias diferentes tiradas da nossa vida humana ou do mundo criado. Essa enorme diversidade de analogias de todas as partes da criação nos lembra que não devemos nos concentrar muito em cada uma delas. Desta maneira, elas nos ajudam a revelar Deus de uma forma mais ou menos “visível”- cf. a teofânia. (Gn 1:27; Sl 19:1;Rm 1:20).

Maior que todas as teofanias do VT é Jesus, a única manifestação visível de Deus no NT.

• Jesus nos mostra o Pai – João 14:9
• Ele mesmo é a revelação do Pai – João 1:18
• É a imagem do Deus invisível – Colossenses 1:15
• É o brilho de Deus, a exata representação da natureza divina – Hebreus 1:3

Como então veremos o ser espiritual de Deus em sua totalidade, se sua grandeza é insondável?  João 6: 46; I Timóteo 1:17; 6:16; I João 4:12.

Nós o veremos “face a face” (I Cor. 13:12) e “haveremos de vê-lo como ele é” (I João 3:2). A descrição mais notável de íntima e franca comunhão com Deus que experimentaremos, é expressa no fato de que na cidade celeste “estará o trono de Deus e do cordeiro. Os seus servos O servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte estará o nome dele”. Apocalipse 22:3-4.

Ao entendermos que Deus é a perfeição de tudo o que ansiamos ou desejamos, que ele é a soma de tudo que é belo ou desejável, percebemos então que a maior alegria da vida futura será contemplar a sua face. Olhar para Deus nos transforma e nos faz semelhantes a ele. Seremos semelhantes a ele porque haveremos de vê-lo como ele é. (I Jo 3:2; cf. 2 Co 3:18). Tal visão de Deus será a consumação do nosso conhecimento de Deus e nos dará pleno deleite e alegria por toda eternidade. (Sl. 16:11)

B. Atributos Mentais

3. Conhecimento ou Onisciência – Jó 37:16 e I João 3:20

“Deus conhece plenamente a si mesmo e todas as coisas reais e possíveis num ato simples e eterno.”

• “Só aquele que é infinito pode conhecer plenamente a si mesmo”, pois o ser divino é infinito e ilimitado. Esta é a razão porque ele jamais muda ou aumenta.  (I Coríntios 2:10-11)
• Deus conhece todas as coisas reais. Tudo que existe e acontece, no presente (Hb 4:13 cf. 2 Co 16:9; Jó 28:24; Mt 10:29-30, e no futuro (Isaías 46:9-10 cf. 42:8-9). Cada detalhe de nossa vida (Mt 6:8). Tudo que nos diz respeito. (Mt 10:30)
• Ele possui conhecimento pleno de todas as coisas possíveis (Salmo 139). Em algumas passagens bíblicas  Deus dá informações sobre o que poderia acontecer, mas na verdade acabaram não acontecendo. Como por exemplo, quando Davi fugia de Saul – I Samuel 23:11-13 ou Mateus 11:21-23 cf. 2Reis 13:19. O fato espantoso é que se Deus conhece plenamente a si mesmo, conhece tudo que é capaz de fazer, inclusive todas as coisas possíveis. Salmo 139:6 e Isaías 55:9

4. Sabedoria

 “Dizer que Deus tem sabedoria significa dizer que ele sempre escolhe as        melhores metas e os melhores meios para alcançar essas metas.”

a. Características da Sabedoria de Deus:

• É única – Romanos 16:27
• Procede do coração – Jó 9:4
• Plena de Conselho e Entendimento  – Jó 12:13
• Estava presente na criação  – Salmo 104:24
• Estava presente na salvação  – ICor.1:24-30;18-20; 21,27,29
• É louvável – Rm 11:33
• Promove unidade (Uma manifestação visível de uma unidade invisível)                                                                           Ef. 3:10
• Deve refletir em nossa vida pessoal – Romanos 8:28-29

Tal sabedoria nos é, em parte, comunicável, Ele mesmo nos ensinou a buscá-la pela leitura da Palavra (Tiago 1:5) e pela obediência (Salmo 19:7 cf. Dt. 4:6-8 e  Salmo 111:10; Pv 9:10 cf. Pv. 1:7)

b. Resultados da Sabedoria

• Humildade  –  Provérbios 11:2
• Espírito Manso e Pacífico  – Tiago 3:14-18

Andar na sabedoria do Senhor é depender continuamente dele em atitude de adoração. No entanto em sua totalidade tal sabedoria não é compartilhada conosco (Rm 11:33), logo haverá situações em que não entenderemos a razão de determinados acontecimentos. Nesses momentos nossa dependência e confiança nele e em sua bondade serão desafiadas (I Pedro 4:19 cf. Dt. 29:29; Pv 3:5-6) a fim de que O adoremos mesmo sem compreender tudo que Ele faz.

5. Veracidade (Fidelidade ou Fidedignidade)

“Ele é o Deus verdadeiro, e todas as suas palavras e todo seu conhecimento são ao mesmo tempo verdadeiros e o parâmetro definitivo da verdade”.

• Ele é único ( Jr. 10:10-11; Jo 7:3 cf. I Jo 5:20).
• Todo seu conhecimento é verdadeiro e o parâmetro absoluto da verdade (João 37:16) Como Deus conhece todas as coisas infinitamente bem, podemos dizer que o parâmetro do conhecimento verdadeiro é a conformidade ao conhecimento de Deus. Se pensarmos o mesmo que Deus pensa sobre qualquer coisa do universo, teremos um pensamento verdadeiro sobre tal coisa.
• As palavras de Deus são verdadeiras e ao mesmo tempo o parâmetro definitivo da verdade. Isso nos diz que Deus é confiável e fiel em tudo que diz.

      (Dt 32:4; Nm 23:19 cf. 2 Sam.7:28; Salmo 141:6)

A essência da verdadeira fé é crer absolutamente na palavra de Deus e confiar que ele fará o que prometeu.

• Deus sempre diz a verdade ao falar. (Hb. 6:18; Tito 1:2; Sl 12:6; Pv 30:5).
• Sua palavra não é simplesmente verdadeira no sentido de se conformar a algum parâmetro de veracidade exterior a Ele. Deus é o parâmetro definitivo da verdade. (João 17:17)

Crescer no conhecimento faz parte do processo de nos tornarmos mais semelhantes a Deus, ou expressarmos, como criaturas suas mais plenamente a sua imagem. (Cl. 3:10). O propósito divino está em que reflitamos a sua luz andando na verdade (Êx 20:16; Pv 11:22), pois ele aborrece a mentira (Zc 8:17). No entanto o Salmo 15:2 nos diz que àquele que é agradável a Deus, “de coração, fala a verdade” e se esforça por ser como o homem justo, que “aborrece a palavra de mentira”. (Pv 13:5), e que nunca procede de Deus (João 8:44)

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Perguntas para reflexão e Aplicação Pessoal

•  1. Deus é Espírito (João 4:24), é uma espécie de existência superior diferente de qualquer coisa criada. Como então compartilha conosco sua espiritualidade e que benefícios recebemos dela?
• Podemos ter muitas analogias acerca do Deus invisível. Como você o percebe no dia de hoje?  Qual a imagem perfeita do Deus invisível? Qual a conseqüência natural de vermos a Deus, como ele é? (I João 3:2-6)
• Sabendo que Deus, detém todo o conhecimento dele mesmo, das coisas reais e até das possíveis, buscá-LO pode mudar o curso da história de minha vida? Como?
• Quando e como a sabedoria divina pode ser vista em minha vida? (Salmo 11:10; 2 Co. 1:12)
• Fomos criados por Deus com um propósito (Rm. 8:29). Como os atributos divinos de conhecimento, sabedoria e veracidade compartilhados com seus filhos servem a esse propósito?
• Vemos em Jó 37:16 que, “Deus é perfeito em conhecimento”. Porque, então, não o buscamos em todas as circunstâncias de nossa vida?