A Vontade de Deus

ago 31, 2010 by

A Vontade de Deus

 Por Marcio Soares da Rocha.

A vontade de Deus tem a ver com a decisão e com a aprovação das coisas que Deus é e faz. Envolve as escolhas divinas do que fazer e do que não fazer.

a. A vontade de Deus em geral. As Escrituras freqüentemente indicam a vontade de Deus como razão definitiva ou absoluta para qualquer coisa que acontece. Paulo se refere a Deus como aquele “que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).

Na maioria das vezes em que a expressão “vontade de Deus” aparece nas Escrituras, ela está se referindo à vontade geral de Deus, e não a um plano especial de Deus para cada um.

“Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (Marcos. 3.35).

“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rom. 12.1).

“E nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef. 5.17).

“Não servindo somente à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus”. (Ef. 6.6).

Ver também 2 Tim. 2.26; Heb. 13.21.

Esta vontade geral de Deus está revelada claramente nas Escrituras e se relaciona basicamente a três assuntos:

  • Adoração exclusiva a Deus: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” (Mt. 22:37) . “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto” (Ex. 20.3,4). Veja também Ef. 1.5; 1 Tess. 5.18. A vontade de principal de Deus é que nós tenhamos um relacionamento pessoal com ele, como servos e filhos adotivos.
  • Moral (Ética e integridade): Deus quer que sejamos honestos (retos) em nosso proceder. “Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição…” (1 Tess. 4.3-8).
  • Amor ao próximo: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt. 22:39). Ver também Mt. 25.34-40; Pv. 3.27-28.

A expressão mais clara da vontade geral de Deus nas Escrituras se encontra nos mandamentos, nas recomendações apostólicas e nas práticas da igreja primitiva. Ao praticá-los, estaremos com certeza fazendo a vontade de Deus e sobre nós repousará a sua aprovação.

b. Vontade específica de Deus (plano de Deus para cada um). As escrituras também afirmam que Deus está no controle de cada detalhe: “Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.” (Mt. 10.29). Até os cabelos de vossa cabeça estão contados” (Mt. 10:30). Portanto, cada uma de nossas decisões livres está ultimamente debaixo do controle de Deus (profissão e formação, casamento, cidade onde morar, número de filhos etc.).

Isso não significa que devemos ficar esperando uma “revelação especial” da parte de Deus, antes de tomarmos decisões relacionadas à nossa vida na terra. Há crentes que ficam procurando saber a vontade de Deus para cada decisão de sua vida, abrindo a Bíblia aleatoriamente (na sorte) ou procurando uma “palavra especial de Deus” em um sermão ou numa música etc. Este tipo de pensamento e comportamento é imaturo e infantil! Essas pessoas se frustram e se confundem. Com relação à vontade específica de Deus, ao seu plano com relação às decisões cotidianas de cada um, vemos nas Escrituras que Ele age de três maneiras:

1. Deus permite ou não: Na maioria das decisões da vida, Deus deseja que façamos nossas próprias escolhas. Desde que nossa vontade esteja de acordo com a da vontade geral de Deus (A.M.A.), temos liberdade de escolha – “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor” (Pv. 16.1). O autor cristão Frank Viola, no seu livro Rethinking The Will Of God (Repensando a vontade de Deus) ilustra a vontade geral de Deus comparando-a um estacionamento de automóveis com muitas vagas. Fora do estacionamento, o “carro” (sua vida) estará fora da vontade de Deus. Dentro do estacionamento, você estará dentro da vontade de Deus e tem liberdade de escolher a vaga que julgar ser a melhor (na sombra ou não, mais perto da entrada etc.). Deus age, na maioria das vezes, em nossas vidas, permitindo que nossos planos e vontades se concretizem ou não. Veja 2 Cron. 22.7 e Pv. 16.9.

“Eu só sei qual foi a vontade de Deus para certas escolhas que fiz em minha vida, depois que aconteceram, quando vi que Ele permitiu ou não”. (Carlos Queiroz)

“Se você quiser saber a vontade de Deus, leia os livros de História” (Frank Viola).

Deus nos deu uma mente inteligente para fazermos nossas escolhas. Desde que nossas ações não contrariem princípios, mandamentos e práticas constantes nas Escrituras, temos liberdade de decidir, e Deus confirmará ou não a nossa decisão. Essa é uma das formas de Deus nos revelar sua vontade específica.

Entretanto, é preciso ter cautela com relação às “portas abertas e portas fechadas”. Nem sempre uma “porta aberta” está de acordo com a vontade de Deus. Neste caso, esta “porta” não foi aberta por Deus, e sim, pelo inimigo de Deus. Sara, mulher de Abraão, entrou pela porta aberta da racionalidade, da incredulidade e da impaciência, e resolveu dar sua escrava ao seu marido para ter um filho dele. Embora Deus lhe permitiu fazer isto, esta não era a vontade dEle. Por outro lado, nem sempre uma “porta fechada” foi fechada por Deus. Muitas vezes o inimigo de nossas almas põe obstáculos à nossa frente exatamente para tentar impedir que cumpramos a vontade do Senhor. Paulo, o apóstolo, disse que tentou mais de uma vez estar pessoalmente com os irmãos de Tessalônica, porém Satanás o impediu: “Pelo que quisemos ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas, e Satanás nos impediu.” (1Tess. 2.18. ARA). Então, como saber se uma “porta” nos foi aberta ou fechada por Deus? A única maneira é olhar para as Escrituras e questionar se esta “porta” está de acordo com elas.

2. Deus guia por meio da consciência: Cada um deve agir segundo a sua consciência; andar de “fé em fé”. Em muitas coisas, tais como alimento ou bebida, roupas etc., os de consciência mais fraca se limitam mais. Os mais maduros são mais livres em sua consciência – “Bem aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova.” (Rom. 14.22). Outros têm a consciência cauterizada, ou seja, perderam a sensibilidade acerca do pecado e da verdade de Deus. Esses estão completamente “fora do estacionamento”. A orientação do Espírito Santo diz respeito à verdade de Deus e a santificação, não às decisões cotidianas (João 16.12-13). À medida que crescemos na fé, nossa consciência nos dará mais liberdade, mas desde esteja dentro da vontade geral de Deus (A.M.A.).

3. Deus revela por profecia: De modo especial, Deus pode revelar a sua vontade para certas situações cotidianas, por meio de profetas – homens ou mulheres que possuam o dom da profecia. Ele age assim para encorajar seus filhos a tomar algumas decisões difíceis, ou prepará-los para certas situações, e não para substituir a nossa confiança nele. Embora não seja uma regra rígida, geralmente as profecias de Deus estão relacionadas à sua obra, seja para evangelização, missões ou ação humanitária. Não se vê na Bíblia Deus revelando quem vai ser o marido de quem ou qual carreira profissional deve seguir etc. Entretanto, devemos testar os profetas. O primeiro teste é observar se a palavra do profeta está de acordo com as Escrituras. Um profeta que disser alguma revelação que contrarie os mandamentos, princípios ou práticas da igreja primitiva é falso profeta, e sua “profecia” deve ser desprezada. O segundo teste, é observar a integridade de vida do profeta. Um homem ou mulher de Deus anda integramente na sua presença, e não vive uma vida cheia de mentiras, avareza, imoralidade etc. Profeta sem integridade é falso profeta.  O terceiro teste, bem mais difícil, é saber se as profecias desse profeta alguma vez falharam. Um profeta de Deus fala o que Ele mandou falar – e Deus não mente nem erra. Uma profecia de Deus não falha. Este é um teste difícil porque o ser humano é um ser falho em si mesmo. A concentração deste teste deve estar na profecia e não no profeta.  Às vezes, um homem ou mulher de Deus, que vive uma vida íntegra, mesmo possuindo o dom da profecia, pode se enganar. Neste caso, o profeta é uma pessoa de Deus, mas a profecia não, pois Deus não mente nem falha.

Deus, portanto, possui uma vontade geral para os seres humanos, revelada nas Escrituras (A.M.A.). Possui também sua vontade ou plano específico para cada pessoa, que pode ser revelada a nós por meio da sua permissão ou não; da própria consciência do cristão (guiada pelo Espírito Santo); e de profecias de irmãos que possuam este dom espiritual.

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Perguntas para reflexão e aprofundamento:

1)     Deus se agrada de qualquer coisa que fizermos, desde que sejamos sinceros? 

2)     O que significa, na maioria das vezes, a expressão “vontade de Deus” na Bíblia?

3)     Você conseguiu memorizar o acróstico A.M.A?

4)     Como Deus guia os seus filhos, com relação às decisões específicas da vida de cada um?

5)     Quais os três cuidados que devemos ter com relação a um profeta?

 

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