As Doutrinas Centrais do Cristianismo

ago 27, 2010 by

As Doutrinas Centrais do Cristianismo

Um resumo das principais doutrinas do Cristianismo, com suas referências bíblicas

 Por Marcio S. da Rocha.

Depois de efetuar uma razoável pesquisa em diversas fontes referenciais (livros, revistas e websites), nos dois últimos anos, cheguei a esta relação do que seria o conjunto das doutrinas centrais do Cristianismo – aquelas que todos os cristãos, independente da denominação ou comunidade que participam, apontam de forma quase unânime, como sendo as doutrinas fundamentais que caracterizam a essência da fé cristã; aquelas que não podem ser alteradas ou negadas, sob pena de descaracterizar o cristianismo bíblico – original.

 Esses ensinos estão aqui resumidos, acompanhados das principais e respectivas passagens bíblicas nas quais se baseiam, com o objetivo de contribuir para tornar claro para aqueles que creem ou estão interessados na fé cristã, quais são as suas crenças principais. Hesitei em postar este artigo porque é difícil convencer-me de que consegui uma redação final para ele. Portanto, este é um artigo “em obras”, que poderá ter seu texto melhorado ao longo do tempo, quer seja pelo autor ou por outros irmãos que o quiserem melhorar. Assim, os que citarem este artigo devem, além de citar a fonte, citar a data, pois ele pode se modificar com o passar das semanas.

I – Existe um Deus – O Criador

Existe um único Deus, criador de todas as coisas, um ser imensamente superior ao ser humano, que, ao mesmo tempo, é constituído de três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, igualmente eternos, igualmente perfeitos, iguais em glória, majestade e poder. (Gen. 1.1; Ex 20.1-3; Isa. 43.10; 44.6,8, 24; João 17:3; 1 Cor. 8:5-6; Gal. 4:8-9; 2 Cor. 13:14; 1 Pe. 1:2; Mt 28:19; Lc 3:21-22). Deus sabe tudo – é onisciente (1 Jo. 3.20). Deus é eterno (Slm. 90.2). Deus é Todo-poderoso – onipotente (Slm. 115.3). Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo – é onipresente (Jer. 23.23-24). Deus é espírito (Jo. 4.24; Lc. 24.39). Deus Pai é o Autor da redenção eterna (Ecl. 11.5, 1 Jo. 5.11).

II – A Bíblia é divinamente inspirada

Os sessenta e seis livros da Bíblia que compõem o Antigo e o Novo Testamento (Escrituras Sagradas) são divinamente inspirados e os seus manuscritos originais não continham erros teológicos. Os homens que escreveram os livros bíblicos foram inspirados por Deus de diversas maneiras. Uns ouviram a voz de Deus que os mandou escrever exatamente o que escreveram. Outros escreveram sobre suas experiências com Deus e os ensinamentos que aprenderam delas. Outros (como Lucas) foram inspirados a realizar uma minuciosa pesquisa histórica e relatar sistematicamente o que levantaram. Outros, como Mateus e João, registraram de memória o que viram e ouviram Jesus fazer e dizer. Alguns (como Paulo) escreveram cartas, originalmente com o propósito de orientar os primeiros cristãos na fé. Em todos os livros (com exceção dos textos ditados diretamente por Deus — como os 10 mandamentos), a inspiração divina não anulou a individualidade dos escritores. Portanto, a mensagem bíblica deve ser interpretada considerando o contexto histórico e cultural do escritor original e em como os receptores do livro compreenderiam a mensagem.

Os livros da Bíblia foram transmitidos através dos séculos de um modo que chegaram até nós com uma grande fidelidade aos originais, principalmente quanto às doutrinas centrais do Cristianismo. As variações que existem nos manuscritos antigos encontrados pelos arqueólogos só afetam ensinos periféricos do Cristianismo (para maior aprofundamento, ver o artigo “A preservação das Escrituras“, neste website).

A Bíblia, por ter sido escrita por homens de Deus, é a autoridade suprema e final em questões de fé e conduta, em questões acerca da pessoa de Deus, da origem de todas as coisas e da vida pós-morte. É o critério referencial (o padrão) pelo qual toda doutrina, pensamento ou procedimento de fé devem ser julgados (2 Tim 3:16-17; 2 Pe 1:20-21; Hb 4:12).

III – Jesus Cristo é Deus e também homem

Jesus, o Cristo, é Deus – O Filho – a segunda pessoa da Trindade Divina – e é também humano (embora hoje não esteja presente corporalmente na terra). Ele é aquele para o qual e por meio do qual todas as coisas foram criadas por Deus (Jo. 1.1-2). Jesus, que já existia desde a eternidade como Deus glorioso, abriu mão de parte de seus privilégios divinos e encarnou como homem com a missão de salvar a humanidade de seus pecados. Nasceu da virgem Maria, concebido pelo Espírito Santo (Mt. 1.18-25; Lc. 1.26-38). Ele jamais pecou (1 Pe. 2.22). Foi crucificado por causa dos nossos pecados, e por isso se tornou o único Mediador entre Deus e os homens e o único caminho para chegarmos ao Pai (1 Tim. 2.5; Jo. 14.6). Foi sepultado e ressuscitou fisicamente ao terceiro dia. Após aparecer a uma grande multidão de discípulos, ascendeu ao Pai onde hoje se encontra, até o dia em que retornará física e pessoalmente para resgatar sua Igreja, julgar a humanidade e reinar sobre as nações. (Fp. 2.5-8, Mt. 11.27; Lc. 10.22; Rm 8:3, Jo. 1:1,14-18, 2:19-21; 10.30-33; 20.28; At. 17:31; 1 Cor 15:1-8; Col 2:9; 1 Ts 4:16-18; Hb 1:1-4, 8; 1 Jo 4:1-4).

IV – O Espírito Santo – sua pessoa e missão

O Espírito Santo é o Ajudante (Gr. Parákletos), prometido pelo Pai e pelo Filho (Jo. 14.16). Ele é uma pessoa e não uma energia. Sua missão é: convencer o ser humano de que é pecador e que merece ser condenado por Deus; produzir o novo nascimento – o batismo espiritual – e a santificação dos arrependidos que receberem Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal; fazer os nascidos de novo conhecerem mais e mais o Senhor Jesus e crescerem espiritualmente; iluminar a mente dos cristãos para compreenderem as Escrituras; distribuir dons espirituais, por meio dos quais o Espírito Santo equipa os santos para a obra do ministério. (Jo. 16.8-10; At 1:4, At 1:8, Rm 5:5, 1 Cor 12:1-14, 1 Cor. 12:27-30, Rom. 12:6-8, Ef; 4:11-12; Gl 5:22-23).

V – A pecaminosidade humana

A raça humana é pecadora. O ser humano foi originalmente criado por Deus à sua imagem e semelhança, para adorar e ter comunhão com o Criador, e exercer domínio sobre a criação. Entretanto, por causa de sua rebelião contra Deus, o Homem se corrompeu e se depravou. A comunhão com Deus foi cortada e o governo deste mundo passou para as mãos de Satanás – um anjo que anteriormente era bom e se rebelou contra Deus, levando, em sua rebelião, um terço dos anjos. Conseqüentemente, toda a Criação foi contaminada pelo pecado, sendo a morte física e espiritual a consequência final. A restauração de sua comunhão com Deus é essencial à humanidade, entretanto o ser humano está incapacitado de conquistá-la por si mesmo, por mais que se esforce (Gn 1:27; 6.5; Slm. 51.5; Isa 64.6-7; Rm 3.10, 23; 5.12).

VI – A Justificação / Salvação pela fé, devida ao sacrifício expiatório de Cristo, por causa da graça de Deus; a realidade do paraíso (céu)

A salvação do gênero humano foi providenciada por Deus unicamente pelo sacrifício vicário de Jesus Cristo. Esta é uma obra exclusiva da graça de Deus e, portanto, o que cabe ao homem é reconhecer-se pecador e incapacitado de agradar a Deus por si mesmo; arrepender-se de seus pecados e ter na suficiência do sangue de Jesus para a expiação de seus pecados e para o dom da vida eterna em Cristo. A salvação ou justificação é um dom gratuito dado por Deus, e não depende de obras nem de obediência à nenhuma lei. O paraíso (ou céu) é um lugar real/espiritual, para onde vão os que receberam a Jesus Cristo, para gozar a eternidade com ele (Is. 53.5; Lc. 23.39-43; João 3.16; Rom. 3.28; 4.4-5; 6.23; 10.9-10; Ef. 2.8-9; 2 Cor. 5.14; Tito 3.5; 2 Tim. 1.8-10; 3.15; 1 Pe. 2.24; 1 Jo. 2.2; 5.19).

VII – A realidade do Inferno

Todo aquele que rejeita a Jesus Cristo e sua salvação gratuita já está condenado a ir para o Inferno no final dos tempos. O inferno é um lugar espiritual terrível de tormentos eternos, e os não salvos — aqueles que rejeitaram a salvação de Deus — ficarão lá eternamente (João 3.17-18; Mat. 25.41, 46; Apoc. 19.20; 20.11-15; 21.8).

VIII – O Batismo em Água

O Batismo em água dos novos convertidos deve ser realizado pelos cristãos, para cumprir um mandamento do Senhor. Não é requisito para a salvação, mas é uma expressão visível da fé e um marco tangível da ruptura entre nossa vida passada e nossa nova vida em Cristo. É um testemunho de nossa morte, sepultamento e ressurreição espirituais em Cristo e um ato profético de nossa ressurreição física quando da volta física do Senhor Jesus. É ministrado aos novos convertidos, em obediência ao mandamento do Senhor (Mt 28:19-20, At 2:38). 

IX – A Igreja Como Corpo de Cristo na Terra

A igreja é o conjunto de todos os discípulos de Cristo na terra; Jesus Cristo habita espiritualmente no corpo de cada um de seus discípulos, portanto, a igreja é o corpo visível de nosso Senhor Jesus Cristo nesse mundo, enquanto ele não retorna em carne e osso. É a principal agência por meio da qual Ele revela a si mesmo e o Reino dele no mundo. A igreja não é uma instituição religiosa humana nem um edifício ou casa físicos, pois o Senhor Jesus nunca fundou nenhuma organização religiosa e nem habita em edifícios feitos pela mão do homem (Atos 7.48). Jesus deixou apenas o seu Nome para aqueles que nele crerem. Ninguém se torna parte desta Igreja por ministração de sacramento, mas por arrependimento e fé no Nome dele. Além de ser o corpo de Jesus, a igreja é a família de Deus. A missão da igreja é expressar a presença e o amor de Deus ao mundo por meio da pregação do Evangelho, da realização obras de amor e pela demonstração do poder de Deus – evidenciado por uma vida regenerada e pelo exercício dos dons espirituais (Jo. 2:19; 1 Cor. 6:19, 14:26, Ef. 2:19, 4:11-12).

X – A Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor, outro ato que deve ser realizado pelos cristãos por mandamento de Jesus Cristo, é uma refeição (originalmente era um jantar) a ser compartilhada pelos discípulos de Jesus Cristo, em sua memória, até o dia de sua segunda vinda física. É uma celebração material-espiritual da igreja com Cristo. É um ato profético do retorno de Jesus, compartilhada pelos filhos de Deus, os quais frequentemente participam da Ceia (Jo 6.48-58, At. 2.42,46, 1 Cor. 10.17, 1 Cor. 11.23-26).

XI – O Retorno do Rei e os últimos dias

O Senhor Jesus Cristo retornará à terra uma segunda vez no final da história, como ser humano e Deus (espiritual e físicamente), descendo das nuvens, exatamente como e onde ele subiu (em Betânia, no sopé do Monte das Oliveiras), porém, dessa vez, virá como grande rei do universo, para subjugar toda a terra ao seu santo domínio. Seu retorno será repentino e visível a todos. Será precedido de um período de grande tribulação (sofrimento) na terra. Naquele dia, os cristãos que já tiverem morrido serão ressuscitados em carne e osso. E os cristãos que estiverem vivos naquele dia terão seus corpos transformados, e todos os nascidos de novo serão reunidos e arrebatados às nuvens, unindo-se para sempre com o Senhor. A partir de então, se iniciará um reino de Cristo na terra que durará mil anos. Depois disso, haverá um julgamento final da humanidade. Os que rejeitaram a salvação de Jesus, juntamente com Satanás e seus anjos (demônios) serão lançados eternamente no inferno. Finalmente haverá novos céus e nova terra para os filhos de Deus (Atos 1.11; 1 Tess. 4.14-17; 2 Pe. 3.7; Apoc. 20.10, 15; 2 Pe. 3.13; Apoc. 21.1).

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15 Comments

  1. Frankmar Da Silva Corrêa

    Muito bom este estudo a respeito das Doutrinas centrais do Cristianismo,os Cristão devem entende bem as verdadeiras doutrinas bíblicas cristãs como a Trindade,Divindade de Jesus,salvação atravez de Jesus e ressurreição.os Bispos e Prebisteros devem sempre ensina essas doutrinas bíblicas para todos na Igreja de Jesus.

  2. Claudio Rodrigues

    Apenas uma duvida: com base em qual texto eu posso afirmar que o batismo nao e uma das condiçoes para salvaçao? Pois lemos que quem crer e for batizado sera salvo.
    Obrigado

    • PCE

      Olá Cláudio Rodrigues,

      Seria suficiente lembrar que o ladrão da cruz, aquele que humildemente reconheceu que Jesus é o Senhor, foi para junto dele sem batismo em água.

      O apóstolo Paulo não ensinou o batismo como condição para salvação em nenhuma de suas 13 cartas. Em vez disto, ensinou a fé como único meio de salvação (exemplo: Ef. 2.8-9).

      Nos Evangelhos de Mateus, Lucas e João não é ensinado que é necessário se batizar em água para ser salvo. Em João, ao contrário, Jesus enfatiza a fé nEle mesmo como única condição e meio de salvação (João 3.16-18; 5.24 etc.)

      Em Atos dos Apóstolos também não é ensinado que é necessário se batizar em água para ser salvo. Em vez disto, os discípulos ensinam… creia e será salvo.

      Crer que batismo em água salva é crer no poder de um rito, em vez de crer no poder de Deus. Quem salva é Deus, não Deus + um rito.

      Além do exposto, acerca da passagem que você está citando já está comprovadamente demonstrada que Marcos não a escreveu — ela foi acrescentada indevidamente por algum copista, muito tempo depois. O primeiro manuscrito em que esta passagem de Marcos 16:9-20 aparece data do Século XI! Já pensou? Durante 1.000 anos desde os dias dos discípulos, o Evangelho de Marcos terminava em 16:8. Aí, de repente, não mais que de repente, no Século XI, surge um manuscrito que contém os versos 9 a 20 do capítulo 16. Marcos não escreveu esses versos, então eles não são inspirados. Se não são inspirados, não possuem autoridade como Escritura. Para compreender um pouco melhor o desenvolvimento do Cânon do Novo Testamento, leia o artigo “O Canon Bíblico” neste site.

      Graça e paz.

      • PCE

        Corrigindo: O artigo deste site que queria recomendar, na verdade, é “A Preservação das Escrituras” e não “O Cânon Bíblico”

      • Lucas

        Na verdade , existe mais manuscritos a favor do final longo de Marcos do que contra .De 1800 manuscritos em grego, só 2 (Aleph e B) e o 304 não têm a passagem! (Não conto o 2386, quase igual ao Aleph, copiado séculos depois.) Mesmo assim, os 2 manuscritos , Aleph e B, têm seus únicos vazios e rastos deixados neste exato trecho e do seu EXATO tamanho !A passagem também está em todos os cerca de 2000 lecionários gregos sobreviventes, todos os cerca de 1000 MSS sírios exceto 1, todos os cerca de 8000 MSS em latim exceto 1, todos os MSS cópticos exceto 1, está em TODAS [ou praticamente todas?] as versões antigas (a partir de cerca de 150 dC), no Diatessaron, em Taciano (bem antes de 199), em Irineu (202 dC) e em inúmeros “pais”. Não posso acreditar que Deus deixou isso ocorrer com o texto sagrado . Se for assim , podemos mudar o texto original . Na verdade , ele pode ter sido mudado várias vezes . Tudo é possível .

        • Marcio S. da Rocha

          Caro Lucas,

          Inicialmente eu lhe parabenizo por ser um interessado e/ou estudioso dos manuscritos bíblicos. São poucos os cristãos que se dedicam a este importante tema.

          Vou começar a minha resposta ressaltando que a Crítica Textual científica possui um postulado importante que diz “Na determinação do texto original, os manuscritos devem ser pesados, não contados”. Isto significa que o mais importante é a qualidade dos manuscritos, não a sua quantidade. Portanto, a quantidade, em si, sem considerar outros fatores (tais como antiguidade do texto, brevidade etc.), não serve como evidência de texto original.

          Os manuscritos Álef e B (ambos datados do Século IV) são os mais antigos que trazem o texto completo de Marcos e de quase todos os demais livros do Novo Testamento. Por isto, e porque o tipo de texto contido neles é o mesmo do encontrado nos papiros dos Séculos II e III, é que o Álef e o B são considerados os mais importantes manuscritos do Novo Testamento. Diante do peso desses dois manuscritos, a quantidade de manuscritos que não concorda com eles se torna menos relevante. Além disso, é importante que se diga que os manuscritos do Novo Testamento mais antigos que trazem o final longo (Marcos 16.9-20) datam do início da Idade Média (Século V) – período marcado pelo domínio das igrejas Bizantina e Romana, no qual ocorreram muitos erros de cópia (principalmente adições) na transmissão do texto do Novo Testamento.

          É importante destacar que, dentre os manuscritos que não contém o chamado “final longo” do Evangelho de Marcos, você não citou o Papiro 45 (P45, do Século III), o Papiro 84 (P84, do Século VI) e o P88, do Século IV. Esses manuscritos, mais antigos ainda do que o Álef e o B, reforçam a hipótese de que o final longo não é original.

          Eu não sei onde você obteve a informação de que o manuscrito Alef (Sinaítico) e o B (Vaticano) contém “vazios e rastos deixados neste exato trecho e do seu EXATO tamanho!”, mas, esta afirmação é bastante duvidosa, pois nenhum dos mais respeitados eruditos do texto do Novo Testamento (Tais como Bruce Metzger, Wielland Wilker, Wilson Paroschi) afirma isto. Ao contrário, Wielland Wilker, que analisou pessoalmente o manuscrito Álef, afirma que o espaço vazio no manuscrito Álef, depois do verso 16.8 de Marcos claramente não cabe os doze versos do chamado “final longo” (16.9-20). Veja as próprias palavras dele (traduzidas por mim): “Mesmo se alguém comprimir o texto, o espaço não é suficiente para conter o final longo”. (disponível em http://www-user.uni-bremen.de/~wie/TCG/TC-Mark-Ends.pdf).

          Você afirma que o final longo “Está em TODAS [ou praticamente todas?] as versões antigas (a partir de cerca de 150 dC)”. No entanto, não observou que o final longo (Mc 16.9-20) não consta na Versão Latina Antiga (k) – do Século IV, na Siríaca Sinaítica (do Século II ou III), na Versão Armênia Antiga(do Século IV), na Georgia Antiga (do Século IX) e em muitos manuscritos da Versão da Etiópia (do Século IV). Deixar de considerar o peso dessas versões antigas torna qualquer conclusão tendenciosa.

          Quanto aos “Pais da Igreja”, os seguintes demonstraram não ter qualquer conhecimento do final longo: Clemente de Alexandria (212 d.C.), Orígenes (253 d.C.), Jerônimo (419) – editor da Vulgata Latina. Além disso, Eusébio (339 d.C.) afirma que a passagem (Mc. 16.9-20) estava ausente dos manuscritos mais exatos e que bem poucos eram aqueles que a continham. Ressalte-se que Orígenes e Jerônimo foram os maiores estudiosos do texto Bíblico na igreja antiga e que Eusébio é considerado o maior historiador dos primeiros três séculos da igreja.

          A evidência, enfim, pela não originalidade de Marcos 16.9-20 é bem maior do que pela originalidade.

          Por fim, quanto à sua inquietação, posso lhe afirmar que apesar de terem ocorrido adições e alterações em diversos versos do Novo Testamento, essas variantes não alteraram nenhuma das doutrinas essenciais do Cristianismo. A providência divina foi capaz, sim, de preservar o essencial da Palavra de Deus, apesar dos erros dos homens que a copiaram à mão.

      • Amaro Ricardo

        Amigo e Irmão, a paz do nosso Senhor seja contigo.
        Estudo excelente, porém, a de se observar que no último tópico você expõe que a vinda do Senhor(arrebatamento) será um acontecimento literal e visível, pois bem, concordo que será literal, mas visível seria apenas quando da volta do Senhor para reinar na terra por mil anos. Então, seria mais aceitável (para mim), literal e num abrir e fechar de olhos, depois, segue-se as bodas do Cordeiro nos ares, e a grande tribulação na terra, após isso, aí sim, a nosso Senhor virá literalmente i visível para reinar na terra por mil anos.
        Que Deus continue a te iluminar.

        • Marcio S. da Rocha

          Olá Amaro,
          O Senhor voltará apenas uma vez. O Novo Testamento não ensina que ele voltará “em duas etapas”. Eu sei que existe uma corrente escatológica muito popular que ensina que Jesus voltará secretamente para arrebatar a igreja e depois voltará novamente para o milênio. Esta teoria, denominada de “Dispensacionalismo” foi desenvolvida por meio de uma combinação do tipo “copiar e colar” de versos dos profetas do Antigo Testamento e de versos do Novo Testamento. Porém, quando observamos o ensino do próprio Senhor Jesus sobre a sua volta e o ensino de Paulo sobre o retorno do Senhor, percebemos que é ensinado que o Senhor “Voltará da mesma forma como o viram subir” (Atos 1.11), ou seja, voltará visivelmente, em corpo e alma e, quando vier, virá para reinar mil anos com os seus fieis.

  3. paz querido irmão louvo á deus por usa-lo saiba que tem sido de grande ajuda seus resumos pois já sabemos mas muitas vezes não sabemos como polos no papel
    gostaria de saber se posso copiar

  4. Marcus A. Júnior

    Foi sincero o estudo, não lí tudo mas nem precisou por perceber a coerencia já, gostei.

  5. Lucas

    Muito bom , irmão . Mas uma correção a ser feita importante é sobre o milênio . Nem todos os cristãos criam e creem que haverá um milênio literal . Para muitos (como os presbiterianos , metodistas , luteranos , e vários batistas) ele é figurado , descrevendo o reinado atual de Cristo . Assim , não é um ponto essencial . Para muitos , o juízo final é logo depois que Jesus voltar . Além disso , existem cristãos que creem que a tribulação já ocorreu na destruição de Jerusalém em 70 d.C. (eu sou um deles) . E muitos não concordariam que Jesus vai descer no Monte das Oliveiras . Tirando isso , muito bom o texto .

    • Marcio S. da Rocha

      Caro Lucas,

      Sabemos que há cristãos que não creem num Milênio literal (os chamados amilenistas). Todavia, não se pode afirmar genericamente que os presbiterianos, os metodistas e os luteranos são amilenistas. Na verdade, a maioria dos pastores presbiterianos é pré-milenista, crê num milênio literal depois da volta do Senhor. Dentre os metodistas, grande parte é milenista. A maioria dos cristãos, em geral, crê num milênio literal depois da volta de Jesus. Dessa maioria, alguns são pré-milenistas históricos (pós-tribulacionistas), outros pré-milenistas (pré-tribulacionistas) e outros são pré-milenistas (mid-tribulacionistas).

      O Reino milenar de Cristo na terra (físico, não apenas figurado) depois da volta de Jesus é uma das grandes esperanças dos Cristãos. Um período em que a terra irá experimentar ser governada por Jesus e pelos seus discípulos fiéis. O milênio Está evidenciado por vários profetas do Antigo testamento e anunciado/afirmado literalmente em Apocalipse. Consideramos esta doutrina essencial.

  6. Paulo César

    O problema é: Qual a utilidade do “milênio”? Jesus vai reinar sobre um bando de gente descrente que ao final seguirá em sua maioria a satanás e irá contra o povo escolhido. e serão julgados e condenados; mas viveram 1000 anos no bom e no melhor, para nada?!!
    E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou. Apocalipse 20:9. O milênio é inútil!:
    Por outro lado O Senhor afirma categoricamente: Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. Mateus 21:43;
    Pedro pelo Espírito afirma: Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 1 Pedro 2:9

    • Marcio S. da Rocha

      Caro Paulo Cézar,

      Não é uma atitude cristã questionar a utilidade de algo que a Bíblia ensina. Respondendo à sua pergunta diretamente, o Milênio glorificará a Jesus! No milênio, ele reinará sobre toda a terra e várias profecias do Antigo Testamento serão cumpridas naquele período. Durante o milênio, vários servos fiéis de Jesus serão os governadores das nações. Portanto, do ponto de vista de Deus e dos seus santos, o Milênio será muito útil. Haverá Justiça e paz como nunca.

      Mateus 21:43 é uma palavra de Jesus, direcionada aos judeus. E 1 Pedro 2:9 é uma palavra escrita por Pedro, porém inspirada por Deus, para todos os cristãos.